Poesias - Notícias - Politicagem - Comportamento - Cultura - Sexualidade - Assuntos Sérios - Bobagens Necessárias - e Tudo Mais Que Eu ou Vocês Queiramos Falar - Tudo isso abordado com discontração e irreverência, às vezes de modo requintado e às vezes com linguagem totalmente escrachada. Participem das discussões, proponham assuntos pra novos posts, e não façam cerimônia, porque aqui a gente fala Do Que Quiser Falar .

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Exú tranca as ruas de Salvador



Camaradas, mais uma vez, a tempos que não posto... assumo a minha preguiça, mas não venho pedir desculpas, escrever versos, e muito menos fazer piadas. Na madrugada de ontem, surgiu no twitter o movimento Exú tranca as ruas de Salvador, estudantes secundaristas e de nível superior, estão se reunindo na comunidade no orkut de nome homônimo ao movimento e se articulam para reviver a revolta do busú 2003, a maior e mais incisiva atuação do movimento estudantil no Brasil nos últimos anos.

A concetração está marcada para o dia 03 de janeiro, às 15 h, na Rótula do Abacaxi, Salvador. Amanhã, dia 30 de dezembro, aconterá na Biblioteca Central dos Barris, uma reunião para acordar as últimas deliberações.
Salvador não possui um transporte público de qualidade para justificar o aumento absurdo. O prefeito, como sempre, fez questão de propor o aumento nas férias para que os estudantes não pudessem se reunir.

A comunidade no orkut que foi criada hoje pela manhã já conta com mais de 1000 mebros, e galera toda promete estar lá dia 03.

Vamo provar que estudantes de férias também vão às ruas... O "Baêa" subiu, e Pituaçú ferveu, carnaval vem aí, e todo mundo se reuni. Vamos nos juntar pra cuidar do que é nosso também!!!

Vamos pular as catracas e trancar as ruas nesse grande ato!!!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Uma parada pra militância

Por Alane Reis.
Sobre um pedido de desculpas, uma oficina de formação política, e uma semente que deixei por aí.

Acordei hoje mais tarde do que deveria, matei aula de teoria do jornalismo, de prache. Preciso terminar de ler um livro pra fazer uma resenha que o prazo de entrega foi até ontem, por sorte o professor gosta de mim, disse até que tenho talento. TSC, ando meio desiludida, será que ele me dá um emprego? O cara é fodão, Sérgio Mattos, digita aí no google e olha o lattes, foi chefe do jornal A Tarde 20 anos, professor aposentado da UFBA, Folha de S. Paulo, O Globo, e não sei mais das quantas. Será que ele me dá um emprego? TSC, acordei meio viajada hoje, mal humor, alguma coisa me diz que é TPM.

O fato é que esse post seria pra justificar uns dias que passei sem postar... Uns dias?? DOIS MESES, o que eu andei fazendo? Aaah já sei, organizando um evento na universidade, o Fórum da Consciência Negra, foi lindo demais, conheci Cuti, sabe? Poeta negro, inventou o termo Negroesia, se não conhece digita no google, não tem Lula que bata, Cuti é o cara!

Núcleo de Negras e Negros em um dos eventos da semana da Consciências Negra. Cuti é o senhor de cabelos brancos, curto, camisa branca e verde.

Aaah, o NNNE (Núcleo de Negras e Negros Estudantes da UFRB) também me ocupou esses tempos, estávamos com um projeto de atuação na comunidade "Novembro Negro do Núcleo". Um dia desses foi massa, eu e Tamiz fomos pra Conceição de Feira, uma cidade aqui do interior/recôncavo da Bahia, pra fazer uma oficina de formação política com os estudantes do colégio estadual. Lembro que eu tava tremendo na base, medo da porra, sala de aula, uns 50 guris de 12 a 16 anos, a gente ia falar de Movimento Negro, afirmação da negritude, racismo, essas ondas, achei que eles iam achar um saco. Foi lindo! Uma coisa engraçada, quando eu disse que fazia jornalismo... um silêncio na sala, depois vozes baixas "UAU"... e eu aqui pensando num modo de não morrer de fome, rsrs.
Fazer formação política é o que há, a gente sente a sementinha plantando, e eu me empolgo, falo palavrão, grito, dou risada, quando falei da liberdade sexual feminina foi uma euforia que só, os meninos riam sem graça, as meninas levantavam pra bater palmas, que dia louco viu, rs. Em um momento caí no assunto "cabelo", essas ondas de alisar ou não, dá ou não chapinha, no meio acadêmico isso sempre gera discussão ferrenha, que já até dispenso. No estadual a maioria massiva das meninas negras têm o cabelo alisado.

Uma menina em especial me marcou, lá estava ela, no meio da sala, totalmente contra-hegemônica, talvez 12, 13 anos, estatura baixa, gordinha, negra, mas aquela pele preta que nenhuma diáspora conseguiu miscigenar, e o cabelo lá, DURO! Na resistência, as tranças do tipo nagô. Cá na frente estávamos nós, Tamiz linda, como negar? Uma preta pontual, o cabelo trançado, estilo nagô, super estilosa, o tipo da mulher que todo cara vira pra olhar. Do lado dela, estou eu, estatura baixa, gordinha, a pele preta, não tanto quanto a da menina, o meu cabelo, DURO! Pra cima! LINDO (nada de pretensão, as meninas de chapinha do estadual que me disseram). Eu e Tamiz estarrávamos: "Olha não pareço com nenhuma atriz da globo, meu cabelo é duro, minha boca e meu nariz são largos, e eu sou linda, e não sou eu que tô dizendo não, me dizem isso diariamente, você com o fenótipo parecido com o meu, que tem o cabelo igual ao meu, eu digo a você que você é linda", falávamos sem direcionar a ninguém. Sem direcionar o caralho! Falei com aquela menina, e ela sabe que foi pra ela, os olhinhos brilhavam, o sorriso era involuntário, que menina linda! São nelas que esse nosso racismo camuflado dói mais, idade difícil a dela, os meninos pretos procuram "Brunas Marquezinis" pra namorar... Sei bem como é.
Eh, é isso, prometo postar com uma frequência muito maior, já tenho bastante coisa pronta. Acho que realmente estou de TPM, nenhuma outra coisa me faria largar minha resenha atrasada pra escrever no blog depois de dois meses...

P.S.: Ela sabia que era pra ela, antes de sairmos do colégio e voltar pra casa, a menina nos procurou, me deu um abraço, pediu meu email, dei feliz, esperei ela se comunicar, não apareceu, não deu sinal de vida, não importa! Me basta a certeza, que aquela semente tá germinando.


Turma do Estadual de Conceição de Feira

Plantando a semente.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Paraguaçando. Paragua-sendo. Paragua-sinto.


A cidade dorme. O rio que afaga a ponte, reflete a lua... tão bela. Enamorada, senta - se na janela. A estranheza da noite, é a doce beleza de uma Quimera.

Por Alane Reis

domingo, 26 de setembro de 2010

Em defesa dos direitos da mulher


"Quando uma mulher é assassinada, estuprada, humilhada... todas nós somos também. É o feminino que é mais uma vez é agredido, é o femino que é mais uma vez julgado e condenado. O feminino é mais uma vez destituído do seu poder. Todas nós perdemos e somos feridas"

Mulheres do mundo unidas em prol da igualdade de gênero.

domingo, 19 de setembro de 2010

Olhares estranhos que se cruzam

Por Alane Reis
Um conto sobre família, valores, ideais e amizades inesperadas.


Estavam sentados no bar, rotina se verem aos sábados, ele sempre ia na cidade que ela morava antes de voltar pra casa, ela descia e o encontrava na praça. Não havia motivo específico numa amizade como esta, nenhum interesse, nenhuma afinidade cronologicamente construída, apenas uma compatibilidade estranha e uma cumplicidade comum àqueles subversivos.

Confuso, conheciam- se a vida toda, e no ano corrente foram apresentados. Riam sinceros. É fato, nenhuma cama de motel é tão eficaz em desnudar vergonhas e pudores quanto uma mesa de bar. Entre uma cerveja e outra, cada palavra compartilhada parecia um delito, mas tudo era tão puro, quase sagrado. Há uns anos atrás ela jamais pensara em mater uma relação sequer parecida, ele ao contrário, sempre enxergara na prima adolescente a mulher que se tornaria, que se tornaste.

Jhone beirava os 30, hoje era um pai de família, detententor da responsabilidade de gerir um lar. Conseguira o respeito entre os pais, primos, tios e tias, não sabe ainda se fora o filho, o casamento, o trabalho ou a juventude transviada que largaste para assumir as responsabilidades de homem. Já não era a "ovelha negra", timidamente passava à prima esse cargo.

Lara, quase 20 anos, já foi o orgulho da família, hoje possui hábitos estranhos. Ainda assim, saiu de casa aos 18, mudou pra uma cidade vizinha a que seu pai era oriundo, e moravam os seus parentes, dividia casa com amigas e estudava pra ser jornalista, não era muito de conversar, não nas reuniões familiares. Ela era diferente, todos sabiam disso, só não entendiam ao certo no quê. O pai se orgulhava, a mãe tinha medo.

Jhone e Lara, aos próprios modos viviam fugindo, foi a forma que encontraram para não perderem-se de si mesmos. Ele tinha o emprego perfeito, de segunda a sábado trabalhava numa cidade distante, sábado a noite ia vê-la, e de lá seguia de volta pra casa. Ela havia se mudado da casa dos pais, a universidade era como um mundo paralelo. Mesmo estando a uns 15 km de onde vivia a família de seu pai, era bom se sentir sozinha.

Sábado após sábado, a intensidade daquilo ia aumentando, o machismo regente da família em que vinham não tinha voz nessas conversas.
“Jhone não concordo com traição, por que você faz isso com sua mulher?”
“Lara, dê pra quem você quiser, sexo é bom, mas só com camisinha.”
“Sério Jhone? Você já usou todas essas coisas? Hoje você podia tá trabalhando pro Manassés, rsrs”
“Lara, você sabe que tem gente que acha que você é sapatona, isso não te incomoda não?”

Duas gerações da conservadora família católica. O que pensariam se os vissem ali? O homem casado no bar, sozinho com a prima. E por sinal, desde quando menina direita anda em bar? Ainda mais com homens casados... Que se foda o moralismo!Ele via nela um refúgio, ela via nele um confidente.

Almoço de domingo, motivo para falar da vida dos outros, estão todos da família. A prima que aos 20, recém casada. O primo pegador, socialmente apresenta a namoradinha virgem, ela quer ser enfermeira. A tia que já curtiu a vida, um dia foi “puta”, hoje mãe de família, dá lição de moral aos sobrinhos. O primo homofóbico, fuma unzinho de vez em quando, e longe de casa tem uns amigos viados. O primeiro filho, o irmão mais velho, o tio mais respeitado, pai de família, bom para esposa, é bom também em manter amantes sem que se saibam.

No encontro de mentirosos, falam do filho de Ciclaninho com Beltraninha que tem amigo vagabundo e colocou uma tatuagem. É culpa da mãe. Claro! Ela que não soube criar o filho... Enquanto isso, em cantos distintos da sala eles estão sentados, o ex porra louca, que hoje é pai de família, e a menina que já foi ideal mas agora anda com um cabelo pra cima e tem uns amigos com conduta moral reprovável. Os olhares se cruzam. Estranho... mal se cumprimentaram. Eles dispensam um do outro beijos na testa e palavras educadas.

Fotografia: Lasar Segall, Família; João Wener, Mesa de bar.

domingo, 29 de agosto de 2010

A juventude contemporânea, pelos olhos de uma jovem universitária da classe média baiana

Uma atividade acadêmica
Por Alane Reis

Fulana de Tal possui características comuns a inúmeros outros jovens da sua idade, gosta de assuntos que envolvam cultura e arte, e não resiste a conversas prolongadas em mesas de bar na companhia dos amigos, aos 19 anos, cursa a faculdade de comunicação social e experimenta pela primeira vez a sensação de morar fora da casa dos pais. Nascida em Salvador, a jovem reside atualmente em Cachoeira, cidade do recôncavo baiano, em que estuda.

Ao contrário da maioria das pessoas de sua faixa etária, a estudante não gosta de baladas de música eletrônica, acredita que a geração “emocore” é um insulto ao rock primordial, e apesar de ser fã da cultura popular, defende que a maioria das letras do chamado “pagode baiano” só reproduzem discursos discriminatórios de minorias historicamente reprimidas.

F. brinca e diz sofrer de velhice precoce, se explica dizendo que faz parte do grupo dos hippies pós-modernos, jovens contemporâneos carentes de ideais e personagens atuais do âmbito cultural engajados em causas políticas e sociais. Também chamados de netos do Woodstock, esses jovens costumam fazer parte das classes médias, estudam e trabalham, mas por se identificarem com os gostos e estilos de vida dos primeiros hippies da década de 60, ressuscitam heróis de seus pais e avós.

A estudante não escuta quase nada que surgiu depois do início dos anos 90, e se diz decepcionada com a sua geração: “Nós não lutamos por nada. A revolução digital nos entope diariamente com um turbilhão de informações, e nossos jovens silenciam as desigualdades, os preconceitos, os políticos corruptos e a degradação ambiental. Estão mais preocupados com a foto do perfil do Orkut ou em não repetirem roupas na balada”.

Filha de Beltrana de Tal, e Ciclano de Tal, oriundos de uma cidade do interior, e a 40 anos residentes da capital baiana. F. diz que às vezes fica chateada dentro da própria universidade, quando ouve de colegas, que preconceitos não são mais tão frequentes entre as pessoas mais jovens, e que as desigualdades sociais estão mais amenas, “quando ouço essas coisas fico pensando nas meninas que cresceram comigo, assim como eu, a maioria são negras, muitas nem concluíram o ensino fundamental, já são donas de casa e criam filhos”. A jovem morou a maior parte da vida em um bairro da periferia de Salvador, conhecido pela violência e tráfico de drogas, é uma das poucas pessoas de sua família a cursar ensino superior, e a primeira a entrar em uma universidade pública. F. diz que apesar de se incomodar com a “nova alienação” comum a sua juventude, entende que opiniões (para serem engajadas ou não) sofrem interferência direta nas vivências individuais, e tenta discutir assuntos como racismo, machismo e desigualdades nos meios sociais que frequenta.

E por aí, o que vocês acham dessa nossa juventude pós-moderna?

sábado, 21 de agosto de 2010

EVENTO NO CAHL

Núcleo de Negras e Negros estudantes do CAHL

Apresenta:

A negação do Brasil

filme de Joel Zito

O Núcleo de Negr@s do CAHL busca a partir deste filme de Joel Zito, um dos principais cineastas negros da contemporaneidade, levantar questões sobre a representação do negr@ nas telenovelas brasileiras da década de 70 e adentrar com as discussões na cinematografia brasileira.

Data: 10 / 09 (sexta-feira )

Horário : 19h


"Ser negro não é ser neutro. Mobilize-se!"

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O mito dos poetas

Por Alane Reis
Sobre homens, anjos e poetas - Um pouco de poesia pra não perder a essência.


Eu nunca entendi os poetas
Nunca entendi o universo de suas mentes
Suas origens sempre me foram incertas
E normais não são nem de maneira aparente
...
Artistas das palavras
Usam a poesia como arma e escudo
E parecem viver num mundo recluso
De pintores dos sonhos
.
A verdade é que eu sempre amei os poetas
Por isso levo a vida a imitá-los com meus versos campengas
...
Nas minhas veias corre o sangue rimado
Metrificado... Sintonizado
Ou em versos sem lógica e nenhuma sintonia
.
Ainda assim eu não entendia os poetas
E reparando minha agonia
Um arcanjo amigo fugiu a terra pra me explicar:
-
Deus quando cria os homens
Dá -lhes almas humanas
Aos anjos, almas angelicais
Nos dias mais felizes
Ele põe nos homens almas de anjos
Dando a humanos o dom de se tornarem imortais
.
O meu amigo dos céus ainda me falou
Que num dia de mau humor o senhor me criou
Colocou uma alma humana qualquer em mim
Mas eu não me conformei
E na hora de descer pra terra eu fugi
.
Fui ao baú de Deus e roubei o poder de falar e tocar os anjos
Só que o senhor descobriu, porém nem me puniu
Me jogou de qualquer jeito no mundo
Porque sabia que eu não iria muito longe
.
Aqui na terra, peguei parte da minha alma humana e joguei fora
E desde criança, vou até os anjos e peço pedacinhos de suas almas
Junto a alma que me resta
E dessa forma, tento me fazer poeta.

sábado, 7 de agosto de 2010

O príncipe da minha vida

Por Alane Reis
Sobre Crianças, Pessoas Grandes, Coisas Importantes, e Outras Nem Tanto.


A história de hoje fala de um príncipe encantado e uma paixão de criança, mas não se enganem, não tem nada a ver com amores românticos e donzelas indefesas. É o seguinte, com cerca de 8 anos de idade meu pai me apresentou o Pequeno Príncipe, ainda me lembro como se fosse ontem o dia que o conheci, um menino que tinha mais ou menos a minha idade, adorava pores do sol, morava em um planeta um pouco maior que uma casa, tinha uma rosa como melhor amiga, pegava carona em estrelas, e jamais desistia de uma pergunta uma vez que a fizera.

Aos 8 anos de idade li pela primeira vez o livro que viria a ser o meu preferido na vida inteira, e adorei as histórias do principezinho, cresci, e o velho livro ficou guardado em meio aos outros infantis na estante, até que aos 14 anos resolvi me desfazer das leituras de outrora, doar a novas crianças, e quando eu arrumava os papéis velhos, em meio a mofos e ácaros ele ressurge na minha vida com cabelos amarelos, voando ao vento, como quem desce de uma estrela, e de repente me traz todo o encantamento da infância. Após minha segunda leitura virei fã da obra, com o olhar um pouco mais aguçado percebi o tamanho da profundidade eningmática e metafórica que cercava cada mensagem. De lá pra cá, devo ter lido pelo menos mais umas 6 vezes.

Viajando um pouco no contexto histórico: A obra foi escrita em 1943, por Antonie Saint Exupery, jornalista, escritor e piloto francês que trabalhou na segunda guerra mundial. Exupery escreveu o Pequeno Príncipe durante seu exílio nos Estados Unidos, e o livro foge a regra de tudo antes publicado por ele, que escrevia essencialmente de aviação e guerras. As aventuras do principezinho falam de amor, amizade, pureza de espírito, talvez por isso seja mais bem aceito pelas crianças, mas sem sombra de dúvidas é ideal para todas idades, costumo dizer que não confio em quem nunca o tenha lido, e que ninguém no mundo poderia morrer sem o ter conhecido. Falando em morte, a de Exupery chegou um ano após a publicação da obra, o seu avião levou um tiro em uma missão de guerra, mas a tempos já especulavam - se boatos que o piloto havia enlouquecido, talvez pelas barbáries que vira durante a profissão, o fato é que ele morreu acreditando que um dia, no meio do deserto do Saara conhecera o Pequeno Príncipe.

Um dia perguntei a um amigo e uma amiga se eles já haviam lido a obra, ele me respondeu "Não, eu não tive infância Alane, (risos)" e ela "Não, me ocupo com leituras importantes, não gosto de contos infantis, e no momento eu estou lendo O PRÍNCIPE, de Maquiavel, conhece?". As duas respostas me deixaram profundamente decepcionadas, a primeira me mostra que Exupery estava certo quando dizia que apenas as crianças se ocupam com coisas realmente relevantes, e a segunda, é a resposta que se espera de uma "pessoa grande", por que o Príncipe de Maquiavel (que infelizmente eu conheço pelo fato de também ter me tornando uma "pessoa grande") seria mais importante que o de Exupery? Porque ele ensina como governar e se manter no poder manipulando e explorando as grandes massas? Ou por ele ter sido (segundo reza a lenda) o livro de cabeceira do homem mais corrupto, saguinário, e arbitrário da história da política baiana (SIM, FALO DE ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES). Que fique claro queridos leitores, que não desprezo a importância histórica e a genialidade de Maquiavel em sua obra, porém a minha realeza, assim como o Peter (Pan), é alguém que vai ser criança para sempre, e conta das suas histórias viajando pelos planetas, até parar na Terra, no meio do deserto do Saara e descobrir que alguns homens não são tão bons, mas a amizade ainda vale a pena quando se é "eternamente responsável por aquilo que cativas" mesmo "correndo o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar" e que coisas bonitas ainda existem quando "se ver com o coração" e percebe - se que "o essencial é invisível para os olhos".

O livro está disponível para leitura no seguinte site: http://www.mayrink.g12.br/pp.principe.htmrincipe.htm

Aconselho a todos, as crianças e principalmente as pessoas grandes. Depois disso verão que a imagem aí embaixo não se trata de um chapéu.
Mas sim de uma jibóia que engoliu um elefante.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Intervalos e borboletas


Por Alane Reis
Sobre Paradas Necessárias

Esse post vem a ser um pedido de desculpas a uns dois ou três leitores assíduos (amigos puxas saco, rsrs) que vieram fazer cobranças pelos dias que fiquei sem postar.
Meus queridos, perdoem - me, é que contra-tempos não escolhem dia e hora marcada, eles chegam revoltos, carregados de supremacia, nos pedem mudanças, por conta disso intervalos são necessários, no meu caso, um pit stop no meio da parada, há quem diga que seja pra reorganizar as ideias, eu prefiro mesmo é jogar fora e plantar ideias novas... Pois é, a minha mania de ter esperança, fico tranquila por saber que somos todos respeitadores de credos e crenças, e peço então que respeitem a minha religião, o AMOR, ela me faz ainda acreditar nas pessoas, por isso que correndo em meio a tempestade, eu parei pra conversar com as broboletas.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Dias difíceis

Por Alane Reis
Sobre coisas de mulher

Ai que dor de cabeça, tsc. E esse enjôo que não passa. Hanm? Ai meu Deus uma espinha! Tsc. Só um chocolate pra me acalmar, mas eu tô ficando gorda né? O quê? Eu tô gorda? Como é que você diz isso assim na minha cara, que PORRA! E ainda por cima não me responde, antes você era mais atencioso... Aaai que vontade de choraaaar...

Caros leitores não se preocupem, a pessoa que vos fala ainda não chegou ao estágio "loucura", essa fase deve vir amanhã, hoje é só explosão de sensibilidade. Ainda não entederam? Estou passando pelos quatro dias mais chatos do mês, e não confundam, não falo de menstruação, o caso é ainda mais grave e vem antes da ditacuja. Mataram a charada né? Pois bem, eu tô falando de TPM (tensão pré-menstrual), um problema que aflinge 85% das mulheres em idade fértil, e abala com o físico e o psicológico das mais seguras, até as mais instáveis, das meigas às sérias, da mais baixinha até a mais alta, esse transtorno feimino não tem discriminação.

A TPM é caracterizada por um conjunto de sintomas que aparecem alguns dias antes da menstruação, vão se tornando mais intensos até acontecer a descamação das paredes do útero, começando o ciclo de sangue e cólica. Vários são os sintomas que a mulher pode apredentar nessa fase, o que não significa que se manifestem da mesma maneira em todas as mulheres, podendo variar de mulher pra mulher e na mesma mulher de mês em mês, os sintomas mais comuns são: depressão; vontade de chorar; fome em excesso ou falta de apetite; falta de sono; inchaço; agressividade; ansiedade; dores físicas, de cabeça; e acne. Geralmente eles aparecem de maneira branda, mas em algumas desafortunadas se apresentam de modo mais grave, interferindo diretamente em aspectos de suas vidas pessoal, profissional, escolar, familiar e social, nesses casos a TPM é chamada de SDPM (Síndrome Disfórica Pré-Menstrual).

O pior é que tem muito marmanjo por aí que insiste em dizer que tudo isso não passa de frescura, mas só a nível de informação, você sabia que que cerca de 70% dos homicídios cometidos por mulheres, aconteceram na semana que precedia os seus períodos mentruais. Coincidência? Tá bom então, vai encher o saco de uma louca qualquer nessa fase e me diz depois tá, mas de qualquer forma deixa pra semana que vem viu, sua integridade física agradece.

E aí gostaram do texto? NÃO!? Poxa... hoje eu choro, se me respondesse amanhã levaria um tabefe... Eh isso. Vai um chocolate aí???

sábado, 31 de julho de 2010

Casos de família

Por Alane Reis
Sobre mistérios da genética e as observações intercósmicas da minha avó.


Não caro leitor, você não entrou no site do SBT e caiu por acaso na página do programa cultural e construtivo Casos de Família, eu apenas pedi o meu título emprestado a colega Christina Rocha (apresentadora do programa), porque as peripécias relatadas nesse texto assemelham - se com a temática trabalhada pela também jornalista Chirs Rocha.

A história é de Nmachi, nascida no sul de Londres a pouco mais de uma semana, um bebê de cabelos loiros e olhos azuis, comum como tantas outras crianças inglesas, fosse o detalhe, seus pais Dad Ben e Angela, são um casal nigeriano, que já tinham dois filhos negros, mudaram - se há 5 anos do país africano e garantem não possuir nenhuma ascedência branca. As explicações racionais que explicariam a cor da menina foram descartadas, um exame de DNA comprovou a paternidade de Ben, o caso não se trata de albinismo, e na árvore genealógica da família não existe nenhum parente da cor branca.

Nmachi segue para sua segunda semana de vida, sendo hoje o maior desafio nos estudos mundiais sobre genética. Esse caso fez com que eu lembrasse da minha avó, ela tinha o hábito de me contar histórias, eu adorava ouvir, mesmo sem acreditar em todas, certa vez a velha falou que em uma dessas suas andanças pelo mundo conheceu uma família, onde todo mundo era negro, pai, mãe, irmãos, avós apenas uma menina era loira, cabelos lisos e olhos claros, custei a acreditar na dona Tereza, mas ainda lembro das palavras dela "Ooh Nana é certo que filho de urubu nasce branco, mas essa daí Deus esqueceu de dar a cor quando foi crescendo, tadinha, hoje é diferente da família", minha avó deve tá lá no céu rindo da neta descrente, que ousou a duvidar da história dela, e acompanha o noticiário interessada a espera da explicação de meia dúzia de cientistas, perdão minha avó, talvez a Nmachi que um dia me contaste também seja verdadeira.

Alguém por aí conta outra, verdadeira ou não!?

quarta-feira, 28 de julho de 2010

E lá se vai uma madrugada de crise sobre existecialismo.

Por Alane Reis
Sobre Felicidade

Felicidade, atualmente onde a encontr... um momento, é tão clichê começar um texto com o nome de um sentimento, e até vira novelinha das oito quando a palavra em questão é seguida de um advérbio de tempo que remete ao presente. Mas espere um pouco, eu vou falar de sentimentos, não existe nada mais clichê, além do mais, novela das oito sempre é sucesso de audiência, de qual quer forma, começarei de novo.

No meio das inúmeras revoluções (tecnológica, econômica e cultural) que passaram pelo mundo, os valores vem sendo reformulados, ficando uma dúvida em mim: Hoje qual é nosso o ideal ocidental contemporâneo de felicidade? Fazendo essa pergunta a maioria das pessoas da minha idade, provavelmente irei ouvir respostas do tipo "Ser feliz é ter um namorado(a) bacana, aquele(a) com o corpo legal, que me leve a lugares, eh... legais né?", ou "É ir pras melhores baladas, pegar geral, curtir com os brothers, e tomar tooodas", ou "É ter dinheiro pra fazer o que quiser", uns mais conscientes irão responder "Sucesso profissional meu bem, isso é felicidade". Há uns dias eu venho pensando nisso, no que é ser feliz, e olhando em volta, percebo que o nosso modelo "happy life" vem se construindo em cima de capital acumulado agregado a relações efêmeras.

Mas espere um pouco, eu faço parte dessa geração fútil que cútua o corpo, o dinheiro e vive de sexo casual. Será que eu estou sendo hipócrita? Não, não, tsc, um texto inteiro pra reescrever. Vamos por partes. Balada? Eh... é bom, encher a cara também, quem não gosta de enfiar o pé na jaca de vez em quando? As vezes é até necessário, mas a longo prazo, hunmm! Não tem organismo que aguente. Agora, assim, dinheiro é bom, e traz felicidade sim, dinheiro só não traz felicidade pra quem não tem, mas o meu luxo, o meu desperdício, o meu carro, e o meu celular novo todo ano, valem a degradação do meio ambiente e a pobreza extrema de milhões de pessoas? Não, COM CERTEZA NÃO. Pulemos pra outro ponto, sexo... humm, sexo é bom, muito bom, e não tem contra indicações, é bom de cima, de baixo, de lado, de quatro, de três, de dois, na falta vai até de um, mas com o tempo fica vazio, e a gente sente falta de algo que não sei o quê (ow sejamos sinceros, fingimos não saber). Pronto então, felicidade é sucesso profissional mesmo, e como isso é bom, te dá aquele ar de superioridade, típicos dos insuportáveis, dos bem sucedidos, dos que fizeram por onde... mas no fim? ... bem lá no fim, quando a maricona (gíria de povo de teatro, pra falar dos gênios que já não trabalham) estiver velha, na sua casa imensa, seus inúmeros livros e discos, é só por amor, que irá - se dormir e chorar ao lado da garrafa de vodcka, russa de preferência, ao som de um MPB dor de cotovelo, ou daquele Jazz que enlouquece, é só por amor que a lágrima escorre, só por amor, e quem nega. Mente! A audiência da novelinha das oito, tá aí pra comprovar a minha tese.
E por aí, de onde vem a felicidade??

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A amizade Brasil e Irã e a PORRA da politicagem

Por Alane Reis
Sobre Politicagem

O Lulinha prestes a completar o oitavo ano de mandato como presidente da federação brasileira, deixará o posto com no mínimo algumas polêmicas, a bola da vez é o Irã, o país está mantendo uma prática de enriquecimento de urânio, enquanto circula uma política (que só Deus sabe, até onde quão verdadeira) de desarmamento mundial. Resultou que todo mundo resolveu fechar a cara pra Mahmoud Ahmadinejad (presidente iraniano), só o Brasil que vem mostrando um certo interesse, e uma simpatia nem tão camuflada a questão, posicionando - se ao lado do Irã e deixando pulgas atrás da orelha, sobre a intenção dos flertes brasileiros a um país que se orgulha de eleger de maneira direta o seu presidente, mas nem ao menos se retrata sobre as especulações mundiais de corrupção eleitoral.
Funciona mais ou menos assim: Os Estados Unidos mandou avisar que não quer que mais ninguém tenha bombas (mas claro, as deles não contam, afinal... Ah o que dizer dos Estados Unidos da América), o Irã que aprendeu a brincar com fogo (ops, com urânio), resolveu não acatar, não se explicar, não conversar, e continuou na sua com as suas bombinhas, valendo ressaltar que ele não é o único país a possuir arsenal bélico nuclear. Não aceitando o "insulto" iraniano, Obama resolveu endemoniar o país árabe, como se já não bastasse os seus próprios demônios (guerras civis, desigualdade social, corrupção). No fim da brincadeira, todo mundo comeu a pilha, mas o Lula não (que fique bem clara a minha não intenção de enaltecer ou criticar o governo Lula). O nosso presidente vem se colocando como porta voz de uma causa bastante delicada, foi o único capaz de ouvir o Irã e intermediar um diálogo entre ele os Estados Unidos.
O caso é que toda tentativa brasileira de apaziguamento foi frustrada, só que nessa história ninguém é mais menino e "tá" de inocente numa causa no mínimo "um pouco" preocupante para a população mundial. Os Estados Unidos anda apreensivo com a instabilidade de sua hegemonia bélica, e com a falta de controle que possuem em relação ao Irã, dessa forma a única solução encontrada é reproduzir discursos discriminatórios sobre países árabes (de maneira geral). O Irã experimenta a sensação de poder, e parece estar se sentindo muito a vontade "do outro lado da força", e o Lula que entrou de supetão na história, levanta inúmeras suspeitas ao se envolver numa questão que diretamente (e atualmente) nada interessa ao Brasil, mas como foi dito no início do texto, seu mandato está chegando ao fim, e uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU é sempre interessante, a quem (agora) não pode se (re)candidatar.

VII Festival da Biko



Confira a programação:

30 de julho (sexta feira)
Abertura - Seminário: 18 anos de Cidadania e Consciência Negra: Transgredindo Espaços; Transformando Realidades.

Local: Auditório da Biblioteca Pública do Estado da Bahia - Barris

Horário: 18 horas.

Compondo a mesa do seminário:

*Ceres Santos
*Geri Augusto
*Edenice Santana
*Talentos Bikudos


31 de julho (Sábado)

Local: Praça Tereza Batista - Pelourinho

Horário: 16 horas

*Talentos Bikudos
*Os Negões
*Dj Sankofa
*RBF
*Afro Jhow
*Didá
*Aloísio Menezes
*Juliana Ribeiro
*Grupo Aro 7
*Lazzo Matumbi

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Margarida


Por Alane Reis
Sobre a História de uma margarida que vivia em um roseiral


Em meio a um roseiral

Vivia uma margarida

Que antes tão alto astral

E agora sempre abatida

Um jardineiro observador

Não entendia tal mudança

E indagou a pequena flor

Sobre como andava estranha:


- Pobre margarida triste

Tem os olhos gritantes de dor

Quem ou o que te agride?

Será que sofres de amor?

- Apesar da aparência formosa

Suas lágrimas são tão penosas

- No seu rosto havia um sorriso cativante

Sua face era a cara da alegria

Hoje sua angustia é alarmante

Saudades do tempo que você sorria

- Sua voz que era sempre escutada

Emudeceu-se sem razão

Agora tu és tão amargurada

Que dor corrói o seu coração?

- Quem te maltratou?

Quem fez mal a ti?

Se o Margarido não te amou

Não adianta ficar assim


A margarida sem saber o que dizer

Com a voz tristonha resolve responder:

- Jardineiro, não sofro de amor...

Sou uma margarida num jardim de rosas

Sou diferente na cor, no odor

Perto delas minha beleza é duvidosa

- As rosas se acham tão perfeitas

E me discriminam a cada instante

São tão cheias de certezas

E me acham tão ignorante


- Em outros lugares sou aplaudida

Aqui sempre sou humilhada

Sou uma flor inofensiva

Perto das rosas me sinto um nada

- Cansei de ser assim

Fizeram-me ovelha negra nesse jardim


- Mas um dia quando força eu tiver

Deixo de ser sempre a flor errada

Vou m’embora pr’um jardim qualquer

E lá eu sei, serei amada


- E no dia que eu partir

Chorarei por elas

Mas voltarei a sorrir

Sentirei saudades das belas

E no fundo sei que elas

Sentirão saudades de mim


terça-feira, 6 de abril de 2010




Por Alane Reis
Sobre Olga Vidal


“Por um instante

Vejo no teu semblante

Que a mulher estonteante é só uma armadura

A mulher fatal – uma figura

Por dentro há refugiada,

A menina tímida e às vezes assustada


A menina calada

Na mulher falante

A menina acanhada...

Pra mim... a mais fascinante”


Trecho retirado da poesia O.N.P.V., dedicada à irmã que a vida me deu.

Fotografia: Olga Vidal.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Por Alane Reis
Sobre Desejos

Uma tarde sozinha
Um calor de verão
Agonia tamanha –
Um banho não traz solução

Fecho os olhos – Um arrepio
Uma sede – A tua boca
Uma fome – O teu sexo
As minhas mãos – Carentes do teu corpo
O meu corpo – Carente das tuas mãos

Dos meus poros exalam o teu suor
E no meu sexo, lateja uma vontade...

... Alimentar-te...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Prentinhosidade

Gente
PRETA,
da pele
PRETA,
dos cabelos
PRETOS.







Gente
LINDA,
da pele
LINDA,
dos cabelos
LINDOS.





Gente
BOA,
da pele
BOA,
dos cabelos
BONS.




"Porque ignorância é o melhor sinônimo de preconceito. ADOTE ESSA IDEIA."
.
.
.


Peço que perdoem o amadorismo das fotos, elas são resultado de umas cervejas a mais, ao encontro dos amigos, num fim de tarde de domingo.


Por Alane Reis
Sobre Negritude
Fotografia: Laís Abreu

quarta-feira, 24 de março de 2010

Abecedário

Por Alane Reis
Sobre o Sistema

Nos colocam na escola
Nos dizem que é a hora
É tempo de aprender
Nos tratam como papéis em branco
Não se importam com o que pensamos
Foi assim também com você
Pegam toda a massa
Ensinam a tabuada
Apresentam o Abc
Insistem em fazer você aprender
Dão uma aula bem chata
A história maquiada,
Eu não tava lá pra ver
Ensinam-te a moral e a religião
O certo e o errado, por uma só visão
Te dão dever de casa,
Seus pais te obrigam a fazer
São partes da massa alienada
Da pena até de ver
E o tempo vai passando
A gente vai crescendo
A mente vai mudando
As idéias aparecendo
Até aprende a ler
Alguns aprendem a entender
Param de olhar e começam a ver
Aprendem a pensar
Foi assim com você?
Descobrem que podem questionar
E começam a perguntar o ‘por que’ do ‘porque’
Deixamos a massa alienada
Somos agora a parte problemática
Agora pra acreditar,
A gente tem que ver
Somos agora o calo da sociedade
A ferida que abrimos com as mãos
Apontados como revoltados,
Loucos, drogados,
Rebeldes, depravados,
Putas, viados,
Um povo todo errado,
Quem aprendeu a pensar,
Foi marginalizado
Mas a gente sabe falar agora,
Vimos e gostamos do outro lado da história
O certo e o errado,
Não existe mais não
O ponto de vista

Agora é o ponto da questão

terça-feira, 23 de março de 2010

Última poesia


Por Alane Reis
Sobre Poesia

Quero uma noite de lua cheia
Um lápis e um caderninho
O mar e uma canga na areia
E uma grande taça de vinho

Pra não sentir frio, quero uma noite bem quente
E a lua refletida no mar
Pra melhorar, um pedido a uma estrela cadente
E as canções que só o oceano sabe tocar

Então escreverei com a mente vazia, limpa, pura
E será sem mágoas, tão cheia de calma
E será tão doce, tão cheia de ternura
E será tão linda, escrita com a alma

E assim um dia
Da união da lua com o mar
Nascerá minha última poesia
Dedicada a alguém, que valeu a pena amar

sexta-feira, 5 de março de 2010

Toda MERDA pra vida

Por Alane Reis
Sobre o Teatro
"Nem a loucura do amor, da maconha, do pó, do tabaco e do álcool
Vale a loucura do ator quando abre-se em flor sob as luzes no palco
Bastidores, camarins, coxias e cortinas
São outras tantas pupilas, pálpebras, retinas
nem uma doce oração, nem sermão, nem comício à direita ou à esquerda

Fala mais ao coração do que a voz de um colega que sussurra merda
noite de estréia, tensão, medo, deslumbramento, feitiço, magia
Tudo é uma grande explosão, mas parece que não
QUANDO é o segundo dia
já SE disse não foi uma vez, nem três, nem quatro
não há gente como a gente, GENTE DO teatro

Gente que sabe fazer a beleza nascer pr'além de toda perda
gente que pôde entender para sempre o sentido da palavra merda
merda, merda pra você, desejo merda
merda pra você também, diga merda e tudo bem
merda toda noite e sempre, amém."
CAETANO VELOSO


Dedico esse texto a Elivan Nascimento, Erika Maia, Aguinaldo Sanchez, Thiago Viana, Denny Silva, Ted Trindade, Laís Abreu, Luíz Otávio e Taiane Assis. Agradeço a vocês por terem me proporcionado uma das melhores experiências da minha vida, por me ensinarem o significado da palavra ''superação'', por terem me adotado com mãe, filha, irmã e amiga numa família já pronta. Agradeço por terem me dado a oportunidade de conhecer e fazer parte de uma das grandes paixões da minha vida, o teatro. Agradeço pelas risadas, pelas lágrimas, pelos dias que nos deu vontade de desistir, e pelos dias seguintes, em que levamos frente, e juntos superamos obstáculos. Agradeço até pelas (inúmeras) brigas, e pelas reconciliações maravilhosas. Desejo todo sucesso a vocês, peço encarecidamente que não esqueçam de mim, pois realmente me sinto parte de uma família, eu sou a filha rebelde... Tô saindo de casa mais cedo, rsrsrs. E que a vida de todos nós seja repleta de grandes MERDAS.

terça-feira, 2 de março de 2010

Gentileza da mãe gentil



Belo és o BRASIL
Oh pátria amada
Mãe gentil

BRASIL

O país do futebol
BRASIL das mais belas praias
Aqui todo dia faz sol
BRASIL das mais belas praças
Das mais belas avenidas
BRASIL mistura de raças
Aqui se vive muitas vidas

BRASIL das mais belas florestas
Dos mais belos rios
Pena que nem tudo é belo
Aqui no nosso BRASIL

Belo és o BRASIL
Oh pátria amada
Mãe gentil

BRASIL o país do carnaval
Oh pátria amada
Mãe não tão legal
Nosso povo passa mal


É esse o belo BRASIL?
Cadê a gentileza da mãe gentil?
Aqui há fome!
E a violência é constante


BRASIL da educação precária
Vida bela por aqui é imaginária


BRASIL

O sistema de saúde está em crise
A beleza brasileira
Nem sempre a gente vive


O desemprego aqui é constante
A criminalidade aqui é alarmante


Não adianta fingir
Mas mesmo assim

Belo és o BRASIL
Oh pátria amada
Mãe, mesmo que nem tão gentil



O Brasil é um país com mais de 180 milhões de habitantes, seu território em área corresponde a todos os 49 países da Europa. Possui clima, solo e relevo favorável a todo tipo de agricultura e pecuária, grande produtor e exportador de mercadorias de diversos tipos, principalmente commodities minerais, agrícolas e manufaturados. As áreas de indústria e serviços também são bem desenvolvidas, e é um dos lugares mais procurados pelos turistas do mundo inteiro. Ocupa o 10º lugar no ranking da economia mundial e tem o 75º IDH do mundo, 0,813, valor considerado alto, mas essa informação é no mínimo... irônica, piada de mal gosto diante das disparidades sociais e econômicas que encontramos ao longo do território brasileiro.
As diferenças socioeconômicas entre os nossos estados são tão grandes que o país apresenta realidades distintas. Será mesmo que a população miserável do sertão nordestino faz parte do mesmo povo que os ricos sulistas? Nosso atual presidente posa pro mundo como o grande héroi da economia nacional, ouvimos falar diariamente nos noticiários o quanto o Brasil está crescendo, que a nossa divida externa está paga (eu sei, mais uma piada sem graça), que está se erradicando no país a pobreza e a fome, e ''n'' mil números de crianças matriculadas nas escolas, e o Sistema Único de Saúde? Que coisa linda de ver na TV. Investimos também em segurança e infraestrutura...
... Perdão, um momento, pois nem o meu senso de humor mais ácido consegue continuar listando as nossas proezas. O crescimento econômico do Brasil você vê refletido na sua casa? Pois o que eu vejo nas ruas, é o retrado de um país miseravelmente rico. As escolas públicas de ensino básico são uma calamidade, é assustador o quanto a violência, a prostituição infantil e o tráfico de drogas são corriqueiros nos ambientes de educação, anualmente formando em nossas escolas analfabetos funcionais. Nas filas de hospitais pessoas morrem diariamente sem serem atendidas, os médicos mal pagos deveriam ter tratado melhor na faculdade os seus cadáveres, do que tratam hoje os seus pacientes. A polícia que deveria ser a grande detentora da violência, é profissionalemente e psicologicamente despreparada, já tem por aí até PM criando grupo de extermínio pra matar adolescente... Mas por que tudo isso nos incomodaria? Se temos diariamente uma média de quatro a cinco novelas pra assistir em todos os canais abertos da televisão, se com o dinheirinho suado dá pra ir ver o jogo e tomar a cerveja do final de semana, se festa o governo dá de graça, se pro meu portão eu compro um cadeado, se pra criança que pede esmola, eu viro a cara, e se o meu filho tem comida pra comer e cama pra domir, com o que mais eu iria me importar???